15 fevereiro 2017

008-A piedade perfeita do Reino dos Céus - O Sermão do Monte Lição 08[Pr Afonso Chaves] 14fev2017


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LIÇÃO 8:
 A PIEDADE PERFEITA DO REINO DOS CÉUS 

TEXTO ÁUREO: 
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.24) 

LEITURA BÍBLICA: MATEUS 6.1-8, 16-18 

INTRODUÇÃO 
Nas lições anteriores, aprendemos que, como “sal da terra” e “luz do mundo”, nossas obras devem corresponder à justiça perfeita revelada na Lei de Deus; e, para tanto, devem proceder de um coração regenerado, renovado pela Sua graça, assim revelando que somos do número dos “bem-aventurados”. Desta forma, nosso Pai celestial é glorificado diante dos homens, pois Suas perfeições são contempladas em Seus filhos no trato com seus semelhantes. Agora veremos que, no que tange à prática da piedade, ou da nossa devoção para com Deus, não pode ser diferente; mais uma vez, Jesus estabelece um nítido contraste entre os atos de piedade praticados por um súdito do reino dos céus, cujo coração está totalmente voltado para Deus; e os atos religiosos dos “hipócritas”, que visam apenas o aplauso dos homens, parecendo ser muito devotos quando, na realidade, pouco se importam com a glória de Deus. 

I – O DISCÍPULO DE CRISTO E AS ESMOLAS (MT 6.1-4) 
Nesta seção do Sermão do Monte, o Senhor Jesus passa a ensinar o que Ele demanda de Seus discípulos na sua devoção a Deus, aqui exemplificada em três atos considerados dos mais importantes, e nos quais os escribas e fariseus também haviam introduzido o seu fermento (Lc 12.1), fazendo-se necessário que Cristo desmascarasse a sua hipocrisia. Por sua ordem, o primeiro desses atos é o da caridade para com o próximo (ou “dar esmolas”), um dever tanto prescrito pela Lei (Dt 15.7, 8; Pv 14.21) como também confirmado sob a dispensação do Evangelho (Lc 3.11; At 4.34, 35; Rm 12.13; Gl 2.10), à luz do qual este ato torna-se nada menos que a expressão necessária da obediência ao segundo mandamento mais importante da lei: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.39; cf. 1 Jo 3.16-18). Logo, o que Jesus condena nesta passagem não é o ato de dar esmolas em si, nem mesmo quando feito em público ou reconhecido pelos homens (cf. At 10.1-4; 11.29, 30); mas Ele nos alerta contra o pecado da hipocrisia, isto é: quando o homem usa um ato de piedade e devoção a Deus como pretexto para buscar, não a atenção do seu Criador, mas sim o reconhecimento dos homens e a exaltação pessoal (Lc 16.15). Trata-se de um erro sutil, pois se introduz até nos atos de maior espiritualidade; e é fácil de se cometer, pois procede da ambição do coração humano, e do seu orgulho e desejo por vanglórias (Jo 5.44; 12.42, 43). Contudo, tal atitude receberá severo castigo da parte de Deus (Mt 23.1-7, 12, 28, 33). A aprovação dos nossos atos de piedade para com Deus – no caso em questão, dar esmolas – depende não apenas do desinteresse pela atenção e louvor dos homens (“não faças tocar trombeta diante de ti”), mas também de uma renúncia e desapego a toda pretensão quanto ao valor e mérito de nossos atos (“não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”, cf. Mt 25.37-39). Nosso único e legítimo interesse no exercício da piedade deve ser a atenção e a glória de Deus: praticar esse e qualquer outro ato de natureza devocional porque Ele ordenou e porque isto O agrada, pelo amor de Deus derramado em nossos corações, e porque Ele promete recompensá-lo (Pv 19.17; 28.27; 2 Co 9.9). 

II – O DISCÍPULO DE CRISTO E A ORAÇÃO (MT 6.5-8) 
O próximo exemplo de piedade prática considerado por Cristo é o da oração. E, uma vez mais, o que Jesus está aqui condenando não é a oração pública em si, como parte do culto a Deus prestado pelos fieis quando reunidos (At 1.14; 2.42; 1 Tm 2.8); mas sim a ostentação com que os escribas e fariseus cumpriam este dever, no desejo de serem reconhecidos como homens de grande piedade e comunhão com Deus. A oração deve ser uma expressão sincera do coração a Deus, por isso o Senhor nos orienta a buscarmos o isolamento e o refúgio das interferências mundanas (“entra no teu aposento”, “fecha a tua porta”, cf. Lc 12.39; At 10.9), o que se pode entender tanto literalmente, em nossas orações particulares, como também, quando necessário orar em público, fazê-lo com a mesma consciência, de que é a Deus que devemos nos dirigir, no recôndito do nosso coração, não nos importando com a atenção dos homens. Outro erro comum na prática da oração, e ainda mais grave que o primeiro, pois caracteriza a atitude religiosa de pessoas que ignoram o poder e a sabedoria de Deus (os “gentios”), é o uso de vãs repetições, ou seja, confiar no poder persuasivo de nossas palavras em oração, como se Deus pudesse ser convencido pela força, beleza e insistência de nossos argumentos (1 Rs 18.26; At 19.34). Em primeiro lugar, nenhum de nossos atos de devoção a Deus são meritórios, e nada do que façamos para Ele, mesmo que em obediência à Sua vontade, pode obriga-lO a nos abençoar. Esses atos são apenas meios pelos 16 quais Deus se propõe conceder a glória eterna, que é devida exclusivamente pelos méritos infinitos do sacrifício de Seu Filho Jesus (Jo 15.7, 8; 16.23). Em segundo lugar, Deus não precisa ser informado acerca do nosso estado, porque Ele sabe todas as coisas e, melhor do que nós, como e quando responder nossas súplicas com a provisão mais adequada. Por outro lado, Jesus não está condenando a perseverança e insistência em buscar ou pedir uma mesma coisa a Deus, até que alcancemos uma resposta (Mt 26.39-44; 2 Co 12.8), desde que isto seja uma sincera expressão da nossa dependência e confiança nEle. Tendo em vista nossas limitações para compreendermos o sábio conselho de Deus sobre todas as coisas, e mesmo a nossa incapacidade de nos dirigirmos ao nosso Pai celestial como convém (Ec 5.1, 2; Rm 8.26), o Senhor Jesus nos ensina a orar, fornecendo não apenas os princípios gerais, mas as próprias palavras que podemos empregar em nossas súplicas a Deus (cf. Lc 11.1, 2) para externar diante dEle os anseios do nosso coração. Mas, como cada frase desta oração apresenta grande riqueza de ensinamentos, e considerando que esta porção do texto representa um “parêntese” dentro do assunto geral abordado nesta seção, reservaremos o estudo da “Oração do Senhor” para a próxima lição. 

III – O DISCÍPULO DE CRISTO E O JEJUM (MT 6.16-18) 
Passando à correção dos erros e à exposição da verdade acerca da prática dos jejuns, o Senhor Jesus condena mais uma vez a atitude afetada e hipócrita daqueles que faziam de tudo para que o abatimento físico causado pelos seus jejuns fosse visto pelos homens, e assim fossem louvados como homens de grande renúncia e abnegação. Mas o verdadeiro jejum procede de um senso da nossa indignidade diante de Deus, e da nossa contrição e pesar por tê-lO ofendido, em sinal de arrependimento (Sl 35.13; Ed 8.21; Jl 1.13, 14). Quando não, o jejum é apenas um meio para uma dedicação maior à oração, por um propósito especial (Mt 4.1, 2; At 14.23). Nessa ocasião, abstendo-nos temporariamente de suprir uma necessidade básica do nosso corpo – a alimentação – temos maior oportunidade para nos dedicarmos exclusivamente aos interesses de Deus (Lc 2.37; At 13.3). Em ambos os casos, porém, a prática do jejum é incompatível com o desejo de vanglória do ser humano, e não tem nenhum valor quando realizado por alguém presunçoso de méritos ou ambicioso de glória mundana. A instrução aqui oferecida por nosso Senhor no que diz respeito ao jejum não é diferente dos demais casos: como as esmolas e a oração, o jejum visa a Deus, mesmo sendo apenas um meio para a oração, ou alguma outra forma de santificação; e por isso somente a Sua atenção deve ser desejada. Há de se considerar também que, embora seja um ato de contrição e abatimento para a carne, o verdadeiro discípulo de Cristo não negligencia seu corpo, entregando-se a sacrifícios que pouco beneficiam a alma (Cl 2.23), pois sabe que Deus prefere antes a humilhação e contrição sincera do coração a um corpo abatido em que não haja a devida correspondência no interior (Jl 2.13). 

CONCLUSÃO 
Nossa relação pessoal com Deus é tão importante quanto o nosso relacionamento com o próximo. Mas, assim como o pecado está pronto a se insinuar em cada ato e palavra dirigida aos nossos semelhantes, do mesmo modo nossas intenções e sentimentos mais sinceros para com Deus podem ser facilmente pervertidos, e nossa adoração pode ser completamente inutilizada pelo sutil pecado da hipocrisia. Que Deus nos dê graça para nos guardarmos do fermento dos fariseus, e desejarmos o “secreto” de um relacionamento sincero e exclusivo com nosso Pai celestial. 

QUESTIONÁRIO 
1. Por que a caridade (dar esmolas) é um dever para o cristão? 
2. O que significa a expressão: “não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”? 
3. O que devemos fazer para evitar o pecado de orar como os hipócritas? 
4. O que significa: “vãs repetições”? 
5. Qual o significado e o propósito do jejum?

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira



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